Hoje voltei ao lugar onde nasci
Que tristeza eu senti, me apertou o coração
Não encontrei a casa onde eu morava
O açude que eu nadava encobriu pelo varjão
Não vi a mina que nascia no grotão
O monjolo já não bate e nem corre o ribeirão
Ficou deserto, tudo aqui se transformou
Onde havia um paraíso no abandono hoje ficou
Velhos coqueiros que enfeitavam a fazenda
Já não existe o riacho e a moenda
Carro de boi que os seus cocões gemiam
Hoje não tem serventia, acabou os cafezais
A velha ponte que passava a boiada
Apodreceu, hoje está toda quebrada
E o som marcante da batida da porteira
O meu nome na paineira se apagou, não tem mais nada
Não vejo o laço pendurado no curral
A sombra da figueira que abrigava os animais
A grande mata em madeira foi serrada
Onde a semente brotava hoje é só canaviais
O velho rancho encontrei abandonado
Não se vê mais espalhado as palhoças de sapé
Já não existe o piquete e o mangueiro
Nem paiol e nem terreiro que secava o café
Eu já não ouço a cachoeira murmurando
No amanhecer os pássaros cantando
Cadê a nuvem de poeira levantando
Flores se amarelando no vistoso pé de ipê?
Eu já não sinto cheiro da terra molhada
Quando a chuva em cascata cai na estrada
Este lugar está no coração guardado
O que foi realidade hoje são marcas do passado